A artista apresenta trechos de Fofocas Comestíveis, obra que une teatro de objetos e reflexão sobre a indústria alimentícia
Na última semana, o Goethe-Institut Salvador recebeu o ensaio aberto da atriz canadense Camille Benville, a Mila, residente da Vila Sul. A especialista em teatro de objetos apresentou trechos do espetáculo “Fofocas Comestíveis”, uma criação que propõe um olhar crítico e poético sobre a indústria alimentícia e os desafios contemporâneos da alimentação.
Voltada a estudantes, professores e escolas de teatro, a atividade apresentou duas cenas que mesclam humor, crítica e poesia para discutir os impactos da indústria alimentícia sobre o meio ambiente e as práticas agrícolas tradicionais. Em uma delas, a artista usa o exemplo simbólico da banana — que, no Canadá, se restringe à variedade prata por questões de exportação e conservação química — para questionar os limites da produção industrial e da manipulação genética dos alimentos. Na outra, reflete sobre a cadeia do cacau e suas conexões com processos de grilagem e exploração de terras. As apresentações foram seguidas de um bate-papo com o público, estimulando a troca de percepções e o diálogo sobre as contradições entre consumo, cultura e sustentabilidade.
O projeto, que segue em desenvolvimento ao longo da residência na capital baiana, até novembro, parte da ideia de um “teatro para ser consumido em torno de uma mesa comum”, onde o alimento se transforma em personagem e metáfora — um espelho dos paradoxos que marcam nossa relação com o que comemos e produzimos.“Estou muito feliz por trazer Fofocas Comestíveis para o programa Vila Sul. É uma chance de mergulhar mais fundo nas questões que atravessam a nossa relação com a comida e experimentar o teatro de objetos em diálogo com artistas e contextos tão ricos quanto os da Bahia”, celebra a atriz. Já apresentado na República Dominicana, México e Quebec, “Fofocas Comestíveis” chega a Salvador em versão experimental, com a promessa de futuras apresentações no decorrer da residência artística.
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